Expectativa de vida e gastos com saúde no Brasil
Ano de publicação: 2020
Teses e dissertações em Português apresentado à Universidade Federal de Pernambuco para obtenção do título de Mestre. Orientador: Vasconcelos, Rafael
O objetivo desse trabalho é estudar o efeito do aumento da taxa de sobrevida sobre os
gastos com saúde no Brasil. Usando os dados sobre expectativa de vida, taxa de sobrevida
e gastos com saúde no Brasil, estimamos uma regressão com variável instrumental para
estudar a correlação endógena entre longevidade e gastos com saúde. Por um lado, o
aumento da longevidade da população gera uma maior demanda sobre os gastos com
saúde (público e privado). Por outro lado, o aumento dos gastos com saúde tende a
aumentar o tempo de vida das pessoas. Com isso, usamos o fato de que ao estabelecer os
gastos públicos com saúde do ano seguinte, o policymaker observa a taxa de sobrevida e
a expectativa de vida do ano anterior. Esse atraso informacional do policymaker afetaria
os gastos com saúde tanto na provisão de gasto público direto quanto no indireto. Os
resultados desse trabalho demonstram que ao errar a taxa de sobrevida da população
brasileira, o governo subestima os gastos diretos e indiretos com saúde. Isso gera uma
redução de fato nos gastos de saúde por pessoa atendida no sistema público.
Além disso gera um efeito substituição entre os gastos com saúde:
aumenta os gastos com isenção de imposto de renda (gastos tributários indiretos), reduz os gastos com saúde pública universal (gastos diretos).
The objective of this work is to study the effect of the increased survival rate on health
spending in Brazil. Using data on life expectancy, survival rate and health expenditures
in Brazil, we estimate a regression with an instrumental variable to study the endogenous
correlation between longevity and health expenditures. On the one hand, the increase in
the population's longevity generates a greater demand on health spending (public and
private). On the other hand, the increase in health spending tends to increase people's life
span. With this, we use the fact that when establishing public spending on health for the
following year, the policymaker observes the previous year's survival rate and life
expectancy. This policymaker's informational delay would affect health expenditures in
both direct and indirect public expenditure provision. The results of this work
demonstrate that when the Brazilian population's survival rate is wrong, the government
underestimates direct and indirect health expenditures. This generates a de facto reduction
in health expenses per person served in the public system. In addition, it generates a
substitution effect between health expenditures: it increases expenditures exempt from
income tax (indirect tax expenditures), it reduces expenditures on universal public health
(direct expenditures).